“Nesse paraíso, a gente brincava de escorregar e de nadar ou descansava em completa nudez, deitado na areia, ao sol carinhoso de Cachoeira, ou à sombra dos ingazeiros”.
Lúcio Ramos, Cachoeira do Campo – A Filha Pobre do Ouro Preto.
E o nosso Rio Maracujá? Salvemos o Rio Maracujá!!!
Era um belo rio de águas límpidas. Os antigos o chamavam de Rio da Cachoeira, mas nossos avós começaram a chamar-lhe carinhosamente de Maracujá. Nasce lá nas bandas do sul, ao sopé da serra do trino. Nasce como um filetinho de água apenas, mas já ao precipitar na cascata recebe o pomposo titulo de rio, Rio Maracujá, e como tal descia orgulhoso para sua querida Cachoeira que ele aprendeu a alimentar, a matar a sede, a velha Cachoeira que ele viu nascer e crescer ao longo de suas margens, a velha Cachoeira que ele batizou um dia à sombra dos primeiros bandeirantes. Quem suspeita hoje que no seu leito conversavam outrora as famosas lavadeiras? Ou que já foi um dia a principal recreação de Cachoeira, com seus peixes, seus poços, suas quedas e seus escorregadores? Hoje os pescadores e nadadores daqueles tempos não existem mais, envelheceram e morreram, e como eles o velho rio também está morrendo.
Que paisagem diferente temos hoje! Lixo e lixo por toda parte, esgoto a céu aberto e um cheiro horrível que a muito espantou as siriemas e as gaivotas e atraiu os agourentos urubus. Mas a morte do rio não está só na sujeira ou no assoreamento, está na cabeça de cada um de nós, no desrespeito nosso de cada dia. Uma criança jogando sua lata de refrigerante no rio é algo desagradável de se ver, mas ver um adulto assistir impassível é algo inadmissível. Se a criança polui é porque não tem visto exemplo contrário. Seus pais são poluidores que despejam lixo despreocupadamente todos os dias no leito minguado do rio, são comerciantes avarentos que atropelam as margens do maracujá com dejetos e entulho, são todos nós que vemos de braços cruzados a morte do nosso rio. As crianças aprendem rápido coisas boas ou coisas más. Nas raras iniciativas de conscientizar os pequenos vemos resultados imediatos. Pequenos cidadãos hoje, grandes homens amanhã. Mas o problema está mesmo na vontade de querer mudar as coisas, está na boa vontade dos homens. Vamos salvar nosso rio. Cachoeirenses, salvemos o Maracujá! Salvemos nós mesmos do esgoto da passividade e da dormência. Vamos levantar e reivindicar. “Vamos de mãos dadas” , como disse o poeta, lutar pelo que é nosso. Vamos dar aos nossos filhos o que não herdamos de nossos pais. Que nossos filhos vejam o que nossos avós viram um dia. Que o verdadeiro rio Maracujá saia das velhas fotografias e das páginas empoeiradas dos livros de memórias. Vamos, salvemos o Maracujá!
O nosso antigo e atual grito em favor do Rio Maracujá!!!