A Estrada Real: O Chafariz de Dom Rodrigo de Menezes
Estrada Real era o nome alusivo a qualquer via terrestre que, à época do Brasil Colônia, era percorrida no processo de povoamento e exploração econômica de seus recursos, em articulação com o mercado internacional.
Dentro de uma visão historiográfica tradicional em História do Brasil, o conceito de Estrada Real pressupõe:
- natureza oficial;
- exclusividade de utilização;
- vínculo com a mineração.
Nesta perspectiva, a designação”Estrada Real” reflete o fato de que era esse o caminho oficial, único autorizado para a circulação de pessoas e mercadorias. A abertura ou utilização de outras vias constituía crime de lesa-majestade, encontrando-se aí a origem da expressão descaminho com o significado de contrabando.
Por outro lado, uma moderna visão admite:
- natureza tradicional e uma referência de bons caminhos;
- utilização geral, universal, pública;
- vínculo com outras atividades, como o comércio e a pecuária;
- existências anteriores e/ou posteriores à mineração;
- desvinculados das zonas mineradoras.
Em defesa desta última, considere-se que as Ordenações do Reino, também observadas na Colônia, estabeleciam como direitos reais ou regalias, entre outros, as vias públicas, os rios e osvieiros, e as minas de ouro e prata ou qualquer outro metal.
Os caminhos das Minas Gerais
Entre os séculos XVII e XIX um conjunto de vias terrestres – muitas delas simples reapropriações de antigas trilhas indígenas (peabirus) – aproximou diferentes regiões do território brasileiro.
Caminho Velho
Caminho Velho, que ia de Paraty a Vila Rica (atual Ouro Preto). A partir da descoberta de ouro na região das Minas Gerais em fins do século XVII, este caminho transformou-se na rota preferida para atingir-se a região das Minas Gerais, assim como para o escoamento de ouro, que era transportado por mar de Paraty para o Rio de Janeiro, de onde embarcava para Portugal. Esta via estendia-se por mais de 1.200 quilômetros, percorridos em cerca de 95 dias de viagem.
Caminho Novo
Caminho Novo que ia do fundo da baía de Guanabara até encontrar o Caminho Velho em Ouro Branco, então arraial de Vila Rica, atual Ouro Preto. Foi aberto por Garcia Rodrigues Pais em 1707 como alternativa ao Caminho Velho para evitar a rota marítima entre Paraty e o Rio de Janeiro. Iniciava-se em portos do rio Iguaçu ou do rio Pilar, como Piedade do Iguaçu, hoje Iguaçu Velho em Nova Iguaçu, ou Pilar do Iguaçu, hoje um bairro de Duque de Caxias. Seguia dos portos fluviais até a vila de Xerém, passava pela atual Reserva Biológica do Tinguá, pela extinta freguesia, arraial e igreja de Santana das Palmeiras, subia a serra até Paty do Alferes e, dali, descia em direção a Paraíba do Sul onde cruzava o rio do mesmo nome. Daí seguia até Ouro Branco. Esse foi o caminho utilizado para escoamento do café do Vale do Paraíba, por tropas. Esse caminho foi calçado por Conrado Jacob Niemeyer, calçamento que persiste em excelente estado de conservação no interior da Reserva Biológica do Tinguá (nos municípios atuais de Nova Iguaçu e Miguel Pereira).
Bibliografia:
- ABREU, Capistrano de. Caminhos antigos e povoamento do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.
- ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1982.
- CHENEY, Glenn Alan. Journey on the Estrada Real: Encounters in the Mountains of Brazil. Chicago: Academy Chicago, 2004. ISBN 0-89733-530-9
- SANTOS, Márcio. Estradas reais: introdução ao estudo dos caminhos do ouro e dos diamantes no Brasil. Belo Horizonte: Editora Estrada Real, 2001.
- VIEIRA JÚNIOR, Wilson; SCHLEE, Andrey R.; BARBO, Lenora de Castro.”Tosi Colombina, autor do primeiro mapa da capitania de Goiás?”, História e-História (revista eletrônica), < http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=artigos&id=128 >, 2010.
- ROCHA JUNIOR, Deusdedith; VIEIRA JÚNIOR, Wilson; CARDOSO, Rafael Carvalho. Viagem pela Estrada Real dos Goyazes. Brasília: Paralelo 15, 2006.
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