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Cachoeira do Campo.: Banda Sociedade Musical União Social (SMUS) de Cachoeira do Campo comemora 158 anos de fundação

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Foto/Arquivo: Sociedade Musical União Social de Cachoeira do Campo, Ouro Preto-MG

“Todo mineiro tem um trem de ferro apitando nas veias, uma montanha brilhando nos olhos e uma banda tocando nos ouvidos.” A frase acima, autoria do jornalista belo-horizontino Jorge Fernando dos Santos, consegue condensar em poucas palavras muito da tradição em Minas Gerais.

Mas como o interesse dessa matéria é a música, vamos falar de agremiações musicais, ou bandas de música. Para deixar de “comer pelas beiradas”, expressão que todo mineiro conhece bem o significado, vamos ser mais diretos e falar de uma das mais importantes agremiações musicais de Ouro Preto.

Celebração:

A Sociedade Musical União Social, de Cachoeira do Campo, completa hoje 08 de setembro 158 anos de existência, e convida toda a comunidade a participar da tradicional Alvorada Festiva no dia 11 de setembro (próximo domingo) a partir das 5h, saindo da Sede e terminando com toque no Casarão na Praça Benedito Xavier.

Silvino da Costa Pimenta relata um pouco mais sobre essa rica e tradicional expressão cultural que completa mais de um século e meio de vida no mesmo dia em que se comemora a padroeira Nossa Senhora de Nazaré.

Além de presidente da Sociedade Musical União Social (a Banda de Baixo, como também é conhecida a agremiação), Silvino é o músico mais antigo ainda em atividade no distrito. O ex-integrante da Banda “Os Boys”, do Colégio Dom Bosco que chegou a emocionar os jogadores do Cruzeiro do Sul Esporte Clube ao tocar um trompete não mais usado há bastante tempo nos anos 70, relata:

“Do alto dos meus 59 anos, quatro décadas foram dedicadas à música. É claro, existem músicos mais velhos, mas eu sou o mais antigo, pois nunca abandonei a atividade”.

A paixão pela música é tão grande em Silvino que a formação na área de Metalurgia, Mecânica e Geografia, além de uma pós-graduação em Gestão Ambiental, não impediram que ele conciliasse a carreira com o amor pela “Banda de Baixo”, como também carinhosamente é conhecida a Sociedade Musical União Social.

Por sua dedicação incondicional à banda e pelos vários anos de trabalho, Silvino foi homenageado com uma música que leva seu nome. A canção foi composta pelo Maestro, Capitão Reformado Pedro Simeão Guilherme, que foi maestro por 15 anos da Banda do Palácio.

Foto/Aquivo: Tino Ansaloni 

A Banda de Baixo

Mas afinal, por que a Sociedade Musical União Social que tem sonoridade até no nome também é chamada de Banda de Baixo?

“A Sociedade Musical União Social é conhecida popularmente como “Banda de Baixo”, por possuir sua sede na parte baixa de Cachoeira do Campo. A instituição mantém-se através das gerações com o mesmo espirito de liberdade, preconizado pelos seus fundadores, sob clima de companheirismo na dedicação à Cultura Musical”, explica o músico.

Uma história de disputa

Um coreto, uma pracinha, choros, marchas, valsas e dobrados. Essa combinação está presente em muitas cidades mineiras. Aliás, existe algo mais mineiro do que uma banda de música tocando na pracinha nos arredores da Igreja Matriz? Talvez poucas pessoas conheçam a verdadeira história da Banda de Baixo.  O relato de Silvino traz um pouco dessa interessante trajetória.

O professor explica que em 1864, surgiu em Cachoeira do Campo por forças de divergências políticas, dentro de uma banda pré-existente, a Sociedade Musical “União Social”.

“Isto porque, o então regente da banda pré-existente, renunciou ao cargo e, por coincidência, os dois candidatos que se colocaram na disputa, eram adversários políticos, militares dos dois partidos em vigor no segundo império, o Conservador e o Liberal”.

O fundador da banda pré-existente era um dos próceres do partido conservador local, sua influência foi exercida no sentido da escolha do correligionário Francisco Carlos de Assis Ferreira, o “Mestre Chico”.

“Percebida a manobra política, os músicos da ata liberal se rebelaram, desligando-se em seguida da banda pré-existente para fundar a que foi denominada “Sociedade Musical União Social” sob a liderança e regência do mestre preterido, João Gonçalves de Magalhães”.

Responsabilidade Social

Muitos anos se passaram, as rixas e disputas políticas ficaram de lado, mas a Banda de Baixo continuou e segue cumprindo, entre outras, uma importante função, a educação musical.

Ao longo de todos esses anos, sempre ligada à arte, a Sociedade Musical União Social, consolida sua responsabilidade social na preservação e educação artística de muitas gerações.

A Escola de Música ”Randolpho José de Lemos” é destinada a praticar e difundir a arte musical gratuitamente, visando a cultura, o folclore da região, a disciplina, a recreação e a formação do cidadão.

“Sem fins lucrativos, apoio do poder público ou fonte de renda, a banda é mantida por projetos estaduais que raramente acontecem e também pelos “amigos da banda”, destaca Silvino.

Uma preocupação da Sociedade Musical União Social, é a inclusão, a quebra de paradigmas e o andar de braço dado com um mundo que já não é mais o mesmo de 1864.

“Com um efetivo de 40 musicistas, há alguns anos, a banda era constituída exclusivamente de homens. Hoje, meninos e meninas, rapazes e moças integram as fileiras da agremiação musical. O ensino musical e a preparação de novos instrumentistas estão confiados ao Maestro e Capitão Reformado Pedro Simeão Guilherme”.

Com seus uniformes impecáveis, sapatos engraxados, os tradicionais quepes na cabeça, muita música nas veias e no coração os músicos da Sociedade Musical União Social continuam exercendo o seu ofício (que é também paixão pela arte) e se provam essenciais na vida social e na difusão da cultura de Ouro Preto. Que venham mais 158 anos de amor, incentivo e paixão pela arte das musas.

Com informações de João Paulo Silva

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Informações atualizadas aqui.: SMUS em nossas redes sociais @smus1864

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Guia Cachoeira do Campo – MG

 

 

 

 

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