FUNDAÇÃO DA PARÓQUIA E A MATRIZ DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
Considerada a jóia do barroco mineiro e sendo um dos principais monumentos artístico-arquitetônicos do Brasil, a Matriz de Nossa Senhora de Nazaré é sem dúvida o principal orgulho dos cachoeirenses.
Considerada a jóia do barroco mineiro e sendo um dos principais monumentos artístico-arquitetônicos do Brasil, a Matriz de Nossa Senhora de Nazaré é sem dúvida o principal orgulho dos cachoeirenses.
A atual igreja substituiu uma ermida primitiva construída por volta de 1700. É provável que o altar-mor e os dois do Cruzeiro sejam mais ou menos desta época. Em 1708 foi elevada à paróquia de missão e em 1710 foi feita a provisão episcopal para a paróquia pelo então, terceiro bispo do Rio de Janeiro. Dom Frei Francisco de São Domingos (1700 – 1721). Foi confirmada e elevada à natureza de collativa pelo alvará de 16 de Fevereiro de 1724. Ainda em 21 de abril de 1727 foi esta paróquia canonicamente visitada pelo Exmº Revrº Dom Antônio de Guadalupe, quarto bispo de Rio de Janeiro, cuja a diocese pertencia o território de Minas, foi a primeira vez que uma autoridade católica visitava Minas.
Já em 1725 há a primeira referência direta a obras na Matriz, sendo que nesta data ela já estava praticamente com sua construção concluída. Em 1726 foi encomendado o altar de Nossa Senhora do Rosário a Manuel de Mattos, tendo por base o altar de São Miguel e Almas que lhe é fronteiro. Todos os outros altares são mais antigos que estes. Alguns anos antes de 1726 já devia estar-se reconstruindo com pedra a estrutura física da igreja, assim como aumentando a nave, podendo-se deduzir isto pelo fato de neste ano constar-se a construção do coro, púlpitos e pintura de forro da nave. A pia batismal foi feita em 1727. Entre 1733 e 1735 foi feito o douramento da maior parte da igreja por Manuel de Souza e Silva de Vasconcelos. Em 1737 há referência às duas torres, não se sabendo se foram construídas ou reconstruídas. Também neste ano houve obras no guarda-pó e conserto no retábulo. Em 1752 foi feito o douramento e parte da talha do arco do Cruzeiro, arcadas do coro e tarja. Em 1755 foi feita a pintura do teto da capela-mor por Antônio Rodrigues Bello. Entre os anos de 1744 e 1760 o artista europeu Rodrigo Brum confeccionou as valiosas pratarias da Matriz, que são consideradas por muitos a sua obra-prima. Em 1792 houve a reconstrução definitiva das torres e em 1860 foi construído o novo frontispício.
A descrição da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré tem sido tarefa difícil até mesmo para famosos pesquisadores, que a consideram uma das obras primas do Barroco. Segundo o Dr. Paulo Krüger Corrêa Mourão seu interior é indescritível. A decoração do altar-mor, assim como dos demais, pertence ao Estilo Nacional Português que é justamente a primeira fase do Barroco Mineiro, do qual a Matriz constitui o principal exemplo. Esta fase é a mais complexa, caracterizando-se pela riqueza e profusão de ornatos. A Matriz segue este estilo com características que lhe são muito peculiares, o que a torna única neste sentido. O altar-mor é realmente monumental, possui quatro colunas em espiral que sustentam as arquivoltas concêntricas (como é típico desta fase), há no alto uma tarja central onde se figuram os símbolos do Santíssimo Sacramento. No trono fica a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, linda obra em madeira talhada e policromada. Veio de Braga no começo do século XVIII para substituir a outra imagem de 40cm, que, segundo a lenda, pertenceu ao primeiro morador de Cachoeira, Manuel de Mello. A decoração das paredes da capela-mor segue o mesmo estilo, havendo variadas esculturas em alto relevo, oito grandes colunas em espiral e oito quadros figurando cenas da vida de Cristo, os evangelistas e outros de caráter simbólico. O teto da capela-mor, pintado por Antônio Rodrigues, inaugurou em Minas o estilo de pintura em perspectiva, abrindo caminho para a pintura Rococó.
No alto do imponente arco do cruzeiro figura a bela tarja, cujo arremate já se faz em estilo D. João V. Ao lado do arco ficam os dois altares colaterais, o da esquerda ostenta uma impressionante imagem do Crucificado e o da direita possui Santo Antônio como orago. Os dois altares da nave são bastante altos e possuem uma profusa decoração que lhes dão um aspecto majestoso e soberbo. O altar da esquerda é dedicado a Nossa Senhora do Rosário e o da direita, a São Miguel e Almas. Os púlpitos possuem curiosa decoração, constituída de interessantes ornatos rendilhados, com influência nitidamente oriental. O coro tem o formato rebuscado típico do barroco e é considerado um dos mais belos do Brasil. Sob o coro há três telas representando cenas da história de Adão e Eva e do Apocalipse. As pinturas da nave são executadas em forma de caixotões e possuem temas diversos. Os painéis da sacristia e da dependência adjacente seguem o mesmo estilo. Segundo a tradição, o pequeno altar do Santíssimo pertenceu à família de Manuel de Mello e já fazia parte da capela primitiva.
Recentemente, entre os anos de 2005/2006, a Matriz recebe um primeiro recurso financeiro através da Prefeitura Municipal de Ouro Preto que possibilitou a reforma e modernização de toda a parte elétrica, os sistemas de para raios e a descupinização e imunização preventiva dos elementos artísticos já bastante danificados. Por volta do ano 2010 e já com os projetos de conservação e restauro em andamento, é o primeiro monumento tombado a nível nacional a receber recursos do recém criado PAC das Cidades Históricas (Plano de Aceleração do Crescimento),sendo destinados 2.000.000,00 (Dois milhões e duzentos mil reais) para a obra, destes Um milhão e oitocentos mil com recursos do Ministério das Cidades e duzentos mil uma contra partida da Prefeitura Municipal de Ouro Preto através da Secretaria de Patrimônio e Desenvolvimento Urbano.
A restauração da Matriz de Nazaré é a realização do sonho de várias gerações do povo cachoeirense, de muitos que lutaram para ela acontecesse, sendo necessária uma verdadeira pressão aos poderes públicos e aos órgãos responsáveis pela sua proteção e preservação.
Hoje nossa Cachoeira do Campo recebe este grande presente de podermos ver o glamour e a beleza da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré e com esta alegria a grande responsabilidade de sua manutenção e preservação para as próximas gerações. O nosso maior orgulho está de volta, celebremos a restauração da Matriz de Nazaré e a partir deste momento amemos ainda mais a nossa história, a nossa cultura e a nossa gente.
FONTES PESQUISADAS:
# LEMOS, Pe. Affonso Henriques de Figueiredo. Monografia Histórica da Freguesia de Cachoeira do Campo, escrita em 1907.
# RAMOS, Lúcio Fernandes. Cachoeira do Campo – A Filha Pobre do Ouro Preto.
# BOHRER, Alex Fernandes e GOMES, Rodrigo da Conceição. Apostila: Cachoeira do Campo – Pequeno Subsidio para sua História. Escrita em 2000.
Pesquisa Histórica: Rodrigo da Conceição Gomes
Presidente da AMIC (Associação Cultural Amigos de Cachoeira do Campo)